''Vesti-me de túnicas de cambraia azul, salpicadas de beijos cor de carmim e esta noite dancei só para ti.
Nunca sabes quando eu chego, por isso esperas-me receoso e inseguro porque desconheces se a minha última visita, não terá sido a derradeira. Faz parte da ilusão que criei e na qual resvalas todas as noites e, eu sei que gostas desta incerteza que te desespera mas que te enfeitiça cada vez mais.
Quando danço para ti, o toque não é permitido. Ficas sentado nessa poltrona, em que passas muitas horas dos teus dias e olhas-me na minha dança selvagem.
Quando danço para ti, o toque não é permitido. Ficas sentado nessa poltrona, em que passas muitas horas dos teus dias e olhas-me na minha dança selvagem.
Já me vesti de preto e dancei um tango atrevido
e até já valsei vestida de branco e rosa,
mas esta noite em que o meu corpo,
estava de azul vestido,
fui uma Duncan provocadora e livre,
rodopiando á tua volta.
Em certas noites, abro a porta tão mansamente que mal dás pela minha chegada. Aproximo-me silenciosamente e quando o meu perfume me denuncia, viras-te, corres para mim e abraçamo-nos como se fosse um primeiro encontro. É aí que reside a alquimia, os nossos encontros são sempre primeiros encontros, onde nada se sabe e tudo é mistério.
Também existem noites, em que tu me contas a tua vida passada, as tuas histórias e o teu sentir. Sento-me no chão, com a cabeça apoiada no teu colo e enquanto me afagas os cabelos, eu fecho os olhos e viajo ao som da tua voz quente e calma. Nessas alturas invade-me uma sensação de paz e o meu coração viajante. Segreda-me desejos de permanência mas que teimo em não escutar. Se eu ficasse contigo, deixaria de ser quem sou.
As nossas noites são a nossa vida,
porque com a manhã, cessa a magia
Não sabes se volto,
porque é assim que eu quero.
Apenas sabes que é à noite que eu danço só para ti!''
(de:Maria Teresa. 22/09/2006)

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